Problemas Associados à Doença Periodontal
Sim, é possível, na grande maioria dos casos. No entanto, a correcção implica, geralmente, a utilização de aparelhos fixos. Este tipo de tratamento (designado por ortodontia permite mover os dentes dento do osso) só pode ser efectuado depois de devidamente controlada a doença periodontal (que conduziu à perda do suporte dos dentes).
Em raras situações a correcção pode estar totalmente impossibilitada pela perda excessiva dos tecidos de suporte periodontal.
Contudo, em muitas situações a correção não só é possível, como também, é recomendada de forma a facilitar a higienização das peças dentárias e a evitar forças que tendem a piorar a situação periodontal dos dentes afectados.
Os dentes encontram-se inseridos no osso dos maxilares de forma indirecta. Ou seja, a sua união ao osso é conseguida através de um conjunto de fibras que no seu conjunto se designam por ligamento periodontal.
Assim, a migração dos dentes acontece quando estas estruturas de suporte dos dentes são danificadas.
Na presença de doença periodontal o suporte dos dentes vai sendo perdido e como consequência os dentes tornam-se mais susceptíveis a alterações na sua posição.
O tipo de movimento que se verifica vai depender das forças que são exercidas sobre os dentes, nomeadamente as forças oclusais e de mastigação, bem como as forças decorrentes da fala e deglutição através da língua e dos lábios.
Quando o tratamento periodontal resultar na exposição da superfície radicular, pode aumentar a sensibilidade dentária, mas de uma forma geralmente transitória.
Uma situação muito frequente é o aumento da sensibilidade depois de ser efectuada uma destartarização para remover os cálculos dentários acumulados sobre as coroas dentárias.
Neste caso, a situação é transitória, só permanecendo durante alguns dias.
A sensibilidade dentária pode ter várias causas, entre elas a existência de cáries dentárias, de restaurações fracturadas ou infiltradas por cárie, coroas fracturadas, fissuras dentárias e exposição de raízes dentárias por problemas periodontais, perda de esmalte ou desgaste dentário.
Uma vez que as causas são tão diversas, deve consultar o seu médico dentista para esclarecer melhor a etiologia.
O primeiro passo no controlo do mau hálito assenta numa higiene oral rigorosa executada pelo doente e que deve incluir:
- A escovagem dos dentes, efectuada de forma que permita a remoção eficaz da placa bacteriana;
- A higienização dos espaços entre os dentes, recorrendo a fio dentário e/ou escovilhões interdentários, consoante a largura desses mesmos espaços;
- A higienização da língua através do uso de raspadores linguais ou de escovas dentárias equipadas com dispositivos para a higiene lingual. Este é um passo importante para o controlo do mau hálito, pois estima-se que 60% dos compostos voláteis de enxofre têm origem na superfície da língua.
- Adicionalmente, o Periodontologista ou o Médico Dentista deve proceder ao tratamento e controlo das doenças periodontais existentes.
O recurso a pastas dentífricas que integram um:
- agente antibacteriano (como por exemplo, o triclosan/copolímero) ou
- a bochechos com colutórios contendo clorohexidina ou cloreto de cetilperidíneo (como anti-sépticos) e
- um componente de zinco (que tem a capacidade de inibir o processo de degradação bacteriano), pode ter algum benefício adicional nos casos em que as técnicas de higiene oral se revelam insuficientes na redução do mau hálito.
v Na eventualidade de o mau hálito não responder a estes tratamentos, deverão ser pesquisadas causas extra-orais de halitose, bem como a presença de pseudo-halitose ou de halitofobia.
Sim.
A presença de doenças periodontais não tratadas como por exemplo, as gengivites graves ou necrosantes e as periodontites, podem agravar o mau hálito.
Por um lado, as bactérias responsáveis por estas doenças apresentam também a capacidade de produzir compostos voláteis de enxofre. Por outro, as reacções inflamatórias que ocorrem nestas doenças devido à agressão bacteriana favorecem a produção de resíduos que podem ser sujeitos a degradação, contribuindo assim para o aumento dos compostos voláteis de enxofre na boca e agravamento do mau hálito.
Adicionalmente, os compostos voláteis de enxofre produzidos a nível das bolsas periodontais exercem efeitos tóxicos directos sobre os tecidos periodontais, facilitando a agressão das bactérias nestas áreas.
A halitose, vulgarmente conhecida com mau hálito, é um termo geral utilizado para descrever um odor desagradável que emana da boca, independentemente da sua origem.
As causas para o surgimento de mau hálito podem localizar-se a nível da boca (origem intra-oral) ou fora dela (origem extra-oral), sendo provenientes de outras partes do corpo.
A grande maioria dos casos de mau hálito (cerca de 90%) é de origem intra-oral, resultando da acumulação de restos alimentares e de placa bacteriana nos dentes e na região mais posterior da superfície da língua. O odor emanado é devido à produção e libertação de compostos químicos voláteis contendo enxofre e que resultam da degradação dos resíduos retidos, de proteínas presentes na saliva, de células de defesa e de células descamadas da mucosa oral, por alguns tipos de bactérias da placa bacteriana. De igual modo, a presença de cáries dentárias ou de infecções orais também contribui para o aparecimento de halitose.
Em cerca de 10% dos casos, o mau hálito pode ter origem noutra localização que não a boca. Nestas situações, poderá existir uma doença do foro respiratório, digestivo, renal ou metabólico, que leva também à produção de compostos voláteis de enxofre, que são transportados pela corrente sanguínea até aos pulmões e depois libertados pelo ar expirado.
Infecções respiratórias, refluxo gastro-esofágico, falência renal ou diabetes são alguns exemplos das doenças que podem originar mau hálito.
Apesar das causas de mau hálito descritas anteriormente, importa realçar a existência da chamada halitose fisiológica. Trata-se de uma condição transitória que também tem origem na região posterior da língua mas que está associada à diminuição do fluxo da saliva durante o sono.
As infecções respiratórias associadas com a Periodontite são:
- a pneumonia bacteriana e a
- doença pulmonar obstrutiva crónica.
Ambas as patologias estão dependentes da entrada de agentes infecciosos para o aparelho respiratório.
Neste sentido, pensa-se que a Periodontite por ser uma infecção poderá levar à deslocação dos microrganismos para o aparelho respiratório causando posteriormente infecções respiratórias.
Esta associação entre Periodontite e infecções respiratórias ainda não se encontra totalmente esclarecida.
A Diabetes Mellitus é uma doença endócrina caracterizada por níveis elevados de glicose no organismo. A associação entre a Diabetes Mellitus e a Periodontite tem vindo a ser estudada e comprovada.
Variados estudos têm sustentado a importância e as inúmeras vantagens do tratamento periodontal sobre o controlo metabólico da Diabetes. Um dos factores que contribui para a resistência à insulina e consequentemente para o mau controlo da diabetes é a presença de infecção. Como tal, a Periodontite pela presença de bactérias constituiu uma potencial fonte de desordem metabólica. Por outro lado, a Periodontite leva à ativação da defesa do organismo e consequentemente à inflamação com libertação de produtos que inibem a ação da insulina.
Assim, o diagnóstico da Periodontite, o seu tratamento e controlo são fundamentais para melhorar consideravelmente o controlo da diabetes e desta forma diminuir o impacto dos efeitos adversos da Diabetes.
A Periodontite tem vindo a ser estudada como um potencial factor de risco com interferências negativas na gravidez. Alguns estudos têm associado a existência de Periodontite com a ocorrência de Partos Pré-Termo (aquele que ocorre entre a 22ª semana completa e a 37ª semana de gestação) e de baixo peso ao nascer.
O impacto e os efeitos negativos que o parto pré-termo têm nos recém-nascidos são variados e de severidade considerável. A morbimortalidade para o recém-nascido é tanto maior quanto mais prematuramente ocorrer o parto.
As causas de parto pré-termo não estão perfeitamente esclarecidas, apesar de inúmeras condições estarem perfeitamente estudadas e comprovadas, tais como infecções maternas. No entanto, em muitos casos fica por esclarecer qual o motivo que desencadeou o parto pré-termo.
Existem várias hipóteses para explicar a razão pela qual a Periodontite poderá constituir um factor de risco para os partos pré-termo:
- Deslocação dos microrganismos, responsáveis pela Periodontite, através da corrente sanguínea, desde a cavidade oral até à placenta causando uma infecção.
- Deslocação dos produtos tóxicos dos microrganismos, pela corrente sanguínea, que activam a defesa do paciente com a libertação de produtos que desencadeiam eles próprios o processo do parto.
- Ativação do processo de defesa do organismo, pela presença dos microrganismos na cavidade oral, que ao libertar elevadas quantidades de produtos poder-se-ão deslocar através da corrente sanguínea e assim desencadear o processo do Parto.
Assim, fica claro que pacientes com Periodontite apresentam risco elevado de Parto Pré-Termo pelo que é fundamental o diagnóstico da doença e o seu tratamento para evitar esta situação que afecta severamente o recém-nascido.
As doenças cardiovasculares resultam, na maioria das vezes, de processos de aterosclerose. A aterosclerose é considerada uma doença inflamatória crónica caracterizada pela formação de placas de ateroma no interior dos vasos sanguíneos. Consequentemente, estes ficam obstruídos e a circulação sanguínea fica bastante comprometida, o que poderá levar à privação de oxigénio de alguns órgãos, situação que poderá mesmo conduzir à morte.
Atualmente reconhece-se que a aterosclerose resulta de um processo inflamatório pelo que o papel dos microorganismos assumiu destaque. A Periodontite ao ser uma doença infecciosa começou a ser estudada como um potencial factor de risco para as doenças cardiovasculares.
São variados os mecanismos que parecem explicar a razão pela qual a Periodontite poderá estar associada com as doenças cardiovasculares:
» Tendência genética comum para a Periodontite e para as doenças cardiovasculares. Algumas pessoas parecem estar mais predispostas geneticamente para a infecção.
» Acção dos produtos bacterianos presentes na circulação sanguínea que activam a defesa do organismo e assim desencadeiam a inflamação com a libertação de mediadores inflamatórios. Estes mediadores inflamatórios parecem ser responsáveis pela formação de placas de ateroma.
- Acção dos microorganismos presentes na Periodontite que desencadeiam o processo de infecção em parte responsável pela aterosclerose.
- A Periodontite em alguns estudos tem sido relacionada com níveis elevados de triglicéridos, colesterol e lipoproteínas de baixa densidade. A acumulação de lípidos é tida como um factor que leva à formação de placas de ateroma.
Há muitos anos que se suspeitava que as infecções da boca poderiam ter um impacto não apenas na saúde oral mas também na saúde geral. Ao longo dos anos os estudos científicos têm vindo a provar a existência dessa associação.
A Periodontite é uma infecção oral causada por bactérias que leva à ativação do sistema de defesa do Paciente no sentido de combater a ação das mesmas.
Esta defesa é constituída pela resposta imune inata (menos específica) e adquirida (mais específica), com destaque para o papel desempenhado pela inflamação.
A resposta inflamatória visa eliminar a ação das bactérias e dos seus produtos.
Assim sendo, é esperado que numa situação clínica de Periodontite se verifique a existência de bactérias e toxinas bem como de níveis elevados de mediadores inflamatórios, que resultam da ativação da defesa do organismo.
Ao que parece tanto as bactérias como os produtos de defesa do organismo parecem alcançar zonas distantes da cavidade oral o que justifica o impacto da periodontite a nível da saúde geral.
A Periodontite tem vindo a ser associada com variadas
patologias sistémicas tais como:
- Diabetes Mellitus,
- Doenças Cardiovasculares,
- Infecções Respiratórias,
- Parto Pré-termo,
- Artrite Reumatóide, entre outras.
De todas as associações verificadas aquela com maior evidência é aque relaciona a Periodontite com a Diabetes Mellitus.
Actualmente, destaca-se a importância do diagnóstico precoce da Periodontite bem como o seu tratamento e acompanhamento, já que parece ser cada vez mais evidente que esta doença está longe de ser uma insignificante infecção com implicações apenas a nível oral.